segunda-feira, janeiro 30, 2006

Inferno Dourado - Parte 1

Não havia mais viva alma nos arredores do castelo de Jankorovsky, todos os revoltosos tinham sido aniquilados pela fúria do bravo rei da ilha de Kronn.
Ilha esta, que se extendia por dezenas de quilômetros do tranquilo Mar de Likeroth. Desde de imemoráveis eras, essa porção de terra tinha sido alvo da cobiça de todos os grandes imperadores da história recente. Luka, filho de Lanke; Sarko; filho de Troshell; Suni; filha de Obodor; e finalmente: Yullekavich, filho de Hersh Than, tentaram subjugar o corajoso e simples povo de Kronn.
O motivo de tanta sanha conquistadora era simples: Ouro. A maior mina de ouro jamais vista em todo o continente de Zhaksar. Possivelmente, a maior que jamais tenha sido descoberta em todos os continetes. Os kronnianos cuidavam dessa reserva do nobre metal de forma aguerrida, não só pelo valor das pepitas, e sim porque acreditavam que a última encarnação do Deus da Guerra, Aghaton, jazia nas profundezas de tão farto veio.
Não é necessário dizer o quanto os habitantes da ilha veneravam o Justo. (forma como os kronnianos se referiam a Aghaton) E, justamente essa devoção foi a primeira etapa rumo à perdição. Essa é a história que eu vou contar agora:

Gusmão, o aventureiro.
"Inferno Dourado" - Parte 1

Perdoe-me a falta de educação, meu nome é Rabede Gusmão. Atualmente estou velho e decrépito, mas na história que pretendo transcrever, estava na tenra idade de 23 anos. Minha vida foi dedicada a procurar por dois artefatos, que segundo a lenda que carregam, seriam capazes de dar a qualquer homem o poder de se tornar imortal. Não que eu tenha me decidido logo cedo à essa caça, mas me vi obrigado a ser o primeiro a ter esses artefatos em mãos, tendo em vista que mais pessoas queriam pôr as mãos nesses objetos. Bem, começarei pelo começo:

Era um dia ensolarado nas planícies de Luthamir, nas proximidades do porto do Mar de Likeroth, eu, cansado e sedento por uma cerveja, tinha acabado de avistar uma taverna nas proximidades. A minha alegria de achar um local para descansar só foi sobrepujada pelo espanto ao ver incontáveis flechas flamejantes tocarem fogo no meu destino.
Instintivamente, me escondi atrás de uma árvore, na esperança de não ser visto. Dali fui capaz de localizar a origem do ataque: Um navio mediano ancorado à poucos metros de mim, mesmo não tendo muitos conhecimentos sobre a área em questão, pude reconhecer a bandeira Rakkiana tremulando no topo do mastro da nau.
Antes mesmo de conseguir pensar no motivo de tal ataque, tive minha resposta, alguns marujos descem do navio e vão checar a taverna, agora totalmente queimada e destruída. Após alguma procura, um dos tais marujos se ergue e grita: "O capitão está morto!".
Essa frase é capaz de iniciar uma comemoração estrondosa entre os tripulantes que estavam tanto em terra quanto aos que permaneciam ancorados junto com a nau. Logo após, a bandeira Rakkiana foi retirada, era óbvio que se tratava de um motim.
Esperei por algumas horas, até o outrora ancorado navio estivesse distante no horizonte. Depois de sentir que estava seguro, fui até os escombros da taverna, na esperança de achar algo de interesse.
Para minha surpresa, esse algo se transformou em alguém: Um homem murmurava débilmente debaixo de uma viga de madeira chamuscada, afastada do foco principal do incêndio. Corri até seu encontro, e penosamente fui capaz de rolar o pesado tronco para longe do corpo ferido do sobrevivente. Extremamente desorientado, ele me disse as seguintes palavras:
"O capitão... ele está morto ?"
Olhei ao meu redor e vi um corpo parcialmente carbonizado, trajando o que parecia ser a túnica de um comandante marítimo.
"Sim. Creio que sim." - disse.
"Aqueles ra...tos. (o homem tossia compulsivamente, dificultando o entendimento) Eu avisei... eles queriam o maldito... ouro. Agora eles vão morrer nas mãos... dos selvagens. Bem... feito."
"Ouro ?" -minha ganância falou mais alto.
"Das minas da... ilha de Kronn... aquele imbecis. Todos sabem que... as minas são protegidas... por um... (a partir desse momento, sua tosse começa a impossibilitar qualquer tentativa de compreensão)"
"Um o quê ?" -a história começava a me interessar muito mais...
"Ído...lo" -o homem tossiu antes de me pedir algo: "Me... ma...te por... fav-vor..."
O meu código de honra reza que todo homem de bem tem o direito de morrer de forma rápida e indolor. Sem nenhum remorso, puxo minha faca e aplico um golpe mortal no coração do moribundo.

Fim da parte 1